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O lobo é o maior canídeo selvagem do mundo, fazendo lembrar, na sua aparência, um cão pastor alemão. No entanto, distingue-se deste por ter um aspecto mais magro, com membros mais compridos, uma cabeça mais volumosa e alongada, de aspecto maciço, com orelhas curtas e triangulares e onde os olhos, de cor clara, se inserem de forma oblíqua.
Originalmente, o lobo distribuía-se pela quase totalidade do hemisfério norte, ocupando todo o tipo de ecossistemas terrestres, desde os desertos até ao Círculo Polar Árctico e desde o nível do mar até cerca dos 3.000 metros de altitude. Actualmente, a sua distribuição encontra-se bastante reduzida e fragmentada pela perseguição que lhe foi movida pelo Homem. Devido a esta enorme área de distribuição, o lobo apresenta grandes variações de tamanho e coloração, sendo estas fruto da adaptação aos vários ambientes onde vive. Exemplo disso é a variação de peso nesta espécie, que, nos machos, pode ir dos 20 aos 80 kg e, nas fêmeas, dos 18 aos 55 kg, consoante as subespécies em causa.
 
Para alguns, o lobo que habita na Península Ibérica é uma subespécie distinta das restantes, denominando-se Canis lupus signatus. A cor geral da sua pelagem é creme acinzentada, correspondendo o epíteto subespecífico signatus a uma risca vertical, que tem ao longo das patas da frente. O peso dos machos ronda os 35 kg, chegando alguns exemplares a pesar mais de 40 kg, sendo as fêmeas mais leves, com um peso médio próximo dos 30 kg. A altura ao garrote pode passar dos 70 cm nos machos e é, em média, próxima dos 65 cm, nas fêmeas.
Outrora, o lobo existia por todo o país, encontrando-se hoje reduzido apenas ao norte de Portugal, onde ocupa uma área aproximada de 20.000 km2. Esta área compreende dois núcleos, separados pelo rio Douro. O núcleo a norte do rio Douro é constituído por cerca de 55 alcateias, enquanto que no núcleo a sul deste rio, se calcula que existam apenas 10. No todo nacional, a sua população parece variar entre 300 a 450 animais.
 
A alcateia corresponde à unidade social nesta espécie e é, no fundo, um grupo familiar. Cada alcateia é composta, geralmente, por um par reprodutor, a que se convencionou chamar par alfa, e pelos seus descendentes. No Nordeste de Trás-os-Montes, as alcateias são constituídas pelo par alfa, por 2 a 3 indivíduos de ninhadas anteriores e pelos lobachos que nasceram nesse ano, variando o seu tamanho entre 3 a 5 animais antes da parição da fêmea alfa e 7 a 11 animais após o nascimento dos lobachos.
 
Cada alcateia vive numa determinada área, que defende activamente da entrada de lobos de outras alcateias. A essa área chama-se território. O tamanho de cada território varia de alcateia para alcateia, dependendo esta variação da abundância e do tipo de presas que habitualmente caça. No Nordeste de Trás-os-Montes, as alcateias têm territórios pequenos, quando comparados com os de outras partes do mundo, variando entre os 80 e os 250 km2. Alcateias vizinhas podem mesmo ter territórios com áreas muito diferentes, parecendo estar esta diferença relacionada com o maior ou menor consumo de presas selvagens. Em geral, as alcateias que dependem mais de presas selvagens têm territórios maiores.
Os territórios não são percorridos de forma igual pela alcateia. Existem zonas mais utilizadas que parecem corresponder a áreas onde os animais costumam descansar ou onde caçam com mais frequência. Por outro lado, o tamanho do território também varia ao longo do ano, estando esta variação relacionada com a criação dos lobachos. Após a parição, os movimentos da alcateia ficam limitados pela necessidade de voltar, quase diariamente, ao local onde os lobachos se encontram, quer seja para trazer comida à loba alfa, quer seja, mais tarde, para dar comida aos lobachos.
 
Após um período de cerca de 2 meses de gestação, por volta do fim de Abril ou início de Maio, a loba alfa pare os lobachos num local seguro do território da alcateia. Este local costuma situar-se numa zona muito sossegada, com vegetação densa, onde a loba escava uma toca, ou apenas uma pequena depressão no terreno, e onde os lobachos irão nascer. À nascença, têm uma pelagem escura e os olhos fechados. Por volta dos 12 dias de idade, abrem os olhos e começam a aventurar-se um pouco à volta do local do nascimento. À medida que vão crescendo, vão explorando cada vez mais as redondezas e passam muito tempo a brincar. Todos os lobos da alcateia colaboram na criação dos lobachos, trazendo-lhes comida e passando algum tempo com eles. Nesta época, é possível observar lobos jovens, com um ano e meio a dois anos e meio de idade, a vigiar atentamente as brincadeiras dos seus irmãos mais novos. Por volta dos 5 ou 6 meses de idade, os lobachos já estão suficientemente crescidos para começarem a acompanhar o resto da alcateia nas suas deslocações através do seu território.
 
Embora se pense que os lobos passam a maior parte do tempo a caçar, isso não corresponde à realidade. De facto, os lobos passam grande parte do tempo - correspondente ao período diurno - a descansar. Ao cair da noite, dão início à sua actividade e, nessa altura, despendem grande parte do tempo com as relações sociais e comendo os restos de caçadas anteriores. Só depois começam a percorrer o seu território, à procura de presas, a marcá-lo e a defendê-lo de outros lobos. Nessas deslocações percorrem, por noite, entre 20 a 40 km.
 
No Nordeste de Trás-os-Montes, as principais presas selvagens do lobo são o javali, o corço e o veado. Nas áreas onde estes animais são escassos, o lobo vê-se obrigado a atacar animais domésticos para sobreviver, como, por exemplo, ovelhas e cabras. A alimentação de cada alcateia depende, essencialmente, do tipo e do número de presas selvagens existentes no seu território, bem como do modo de pastoreio dos animais domésticos. Uma alcateia que ocupe um território onde exista abundância de presas selvagens, e onde os rebanhos são guardados por um pastor e por Cães de Gado Transmontanos, alimenta-se, principalmente, de animais selvagens. Uma alcateia em cujo habitat existam poucas presas selvagens, e onde os rebanhos estejam mal guardados, sem bons cães, ou onde os pastores, por falta de bons pastos, sejam obrigados a levar os rebanhos para zonas de vegetação muito densa, alimenta-se, quase exclusivamente, de animais domésticos.
É nesta última situação que o Cão de Gado Transmontano desempenha um papel fundamental, evitando, ou minorando, os prejuízos que o lobo pode causar aos rebanhos. Desta forma, o Cão de Gado contribui, decisivamente, para a coexistência da pastorícia e do lobo no Nordeste de Trás-os-Montes, no seguimento dos bons serviços prestados pelos seus antepassados, desde tempos imemoriais.
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